30.12.11

Maratona de Natal

Em primeiro lugar.
Desculpem não ter tido posts de Natal nem nada disso, tive 2 motivos.
O primeiro: envolve religião, assunto não discutido aqui.
Segundo: tá rolando umas coisas aqui em casa e não to com cabeça pra nada disso. Nanna vai me ajudar com as fics.

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Merry Christmas, Darling

- Nat Seyfried


Era isso. O inverno acabara de começar. Os flocos de neve rodopiavam graciosamente até pousarem no chão onde o gelo deixara frio e alvo. A temperatura estava baixa do lado de fora do castelo, sem o calor das tochas que atribuíam ao interior uma luz cálida logo no amanhecer.
Nicole era uma das poucas pessoas que resolvera passar o Natal em Hogwarts. Praticamente uma das únicas. A maioria dos alunos optava por ficar em casa com a família no feriado, e não solitária assistindo os flocos de neve caírem um a um diante de seus olhos, perdida em pensamentos.
O velho carvalho dos terrenos da escola era um encosto reconfortante, ótimo para qualquer um que quisesse espairecer, o que era o caso da nossa querida Nic. Afinal, seus pensamentos estavam a mil por hora sempre que pensava num único assunto relacionado a ele.
Por que ela tornava as coisas mais complicadas do que realmente eram? A verdade era e sempre fora uma só. Estava confusa. Sempre na vida que tinha decisões a tomar, Nicole arrumava um jeito de evitar ao máximo pensar em uma resposta, desviando o nó dos fatos para outra pessoa desembaralhar. Mas agora tudo mudara. Não podia sair por aí expondo os acontecimentos de sua vida para outros decidirem por ela. Tinha que resolver os problemas ela mesma, por mais difícil que fosse.
Que tal se começasse admitindo que seu coração fora conquistado? Não... Isso não podia ser verdade... Como podia ela ir se apaixonando pelo irmão dos outros assim? Mas estava certa de que não podia negar um fato tão previsivelmente... Genuíno. Estava caindo de amores por ninguém mais, ninguém menos que o próprio Hugo Weasley.
Ela sabia que era perda de tempo ficar ali sentada no frio, com uma montanha de agasalhos parecendo um urso enorme de pelúcia. Mas ainda tinha esperança de que ele aparecesse de uma forma ou de outra por ali... Podia ser montado numa vassoura... De carona com um hipogrifo... Contanto que pudesse ver aquele seu sorriso despreocupado e olhar para aqueles olhos azulados mais uma última vez no ano...
Não adiantava. Era óbvio que se tivesse qualquer indicio de presença por ali, seriam os passos pesados do guarda caça ou algum outro animalzinho perambulando pela neve. Porém, Nicole não queria sair de lá. Se esperasse apenas mais um pouquinho... Quem sabe um milagre de Natal lhe fosse concedido...
O estalo de galhos partindo-se, à medida que os passos se aproximavam. Nicole aprumou-se assustada. Olhou ao seu redor, mas não havia sinal de ninguém por perto.
— Olá, tem alguém aí? — a voz de Nicole perdeu-se junto a neve.
Tentou ficar em silêncio por alguns segundos, a fim de ouvir qualquer resposta, ou saber a direção que os passos tomavam.
Nada. Praticamente barulho algum que não fosse o assobio do vento, desviando os flocos de neve em diagonal. Tudo tremendamente quieto. Nicole sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. O que poderia fazer? Sair correndo feito louca para lugar nenhum, esperando que fosse de quem quer que fosse aqueles passos, não a seguissem?
Ela contornava o tronco do carvalho, pé ante pé, desconfiada. Sacara a varinha, e não sabia para onde apontá-la. Afinal, tudo que havia pela paisagem era neve. Começava a pensar que imaginara o estalo de passos espatifando pequenos gravetos cada vez que o alguém se movimentava.
— Aqui em cima. — Assobiou uma voz conhecida, vinda de pouco acima de sua cabeça.
Seu coração palpitava até mais acelerado do que as asas de um beija-flor. Os olhos castanhos arregalaram-se de surpresa e alívio quando se desviaram para cima. Guardou novamente a varinha dentro de seu casaco. Apesar da felicidade que sentia por vê-lo ali, Nicole o advertia com os olhos.
— O que foi? — Hugo desceu da árvore em um salto e pôs-se em pé ao lado dela. O tom de sua pergunta era completamente inocente.
— Hugo Weasley, você aparece aqui do nada, eu só escuto o som dos seus passos... Enfim, você me assustou.
Ele riu baixinho.
— Mas os passos não eram meus.
— Ah... Então eu devo tomar alguns remédios, pois não é lá a coisa mais normal do mundo ficar ouvindo coisas...
— Estou brincando. Queria que fosse uma surpresa igual naquelas novelas que minha mãe adora assistir... Pois você não fazia idéia de que me encontraria aqui... Bem não saiu exatamente como planejado, já que eu fui fazendo barulho e tudo...
Nicole não conseguiu se conter. Abraçou o garoto ali mesmo.
— Obrigada.
— Ahn... Não tem de que... — Hugo deu palmadinhas em suas costas. — Mas já vou dizendo agora, para você não esperar muito, porque eu não trouxe nenhum presente de Natal... — admitiu ele, com um sorriso amarelo.
Os dois se separaram do abraço. Sentiam-se desconcertados.
— Pensei que você fosse passar o Natal com a sua família.
— Quanto a isso... Digamos que eu mudei de idéia de última hora, quando minha irmã me disse que você ficaria aqui para o feriado. — Ele deu de ombros, como se aquilo tudo fosse obviamente o certo a fazer.
Rose. Era graças a ela que Hugo estava ali bem ao seu lado... O milagre de Natal acontecera por conta da grifinória. Nicole agradeceu mentalmente à sua Amiga Noel. Bem, se ela se referisse a Rose como Papai Noel... A verdade é que não são exatamente todas as garotas adolescentes que sonham em serem comparadas a velhinhos gordos que dirigem um trenó repleto de presentes e puxado por renas.
— Hugo... Isso tudo... É o melhor presente de Natal que alguém já me deu. Sinto muito de não ter dito antes para você o que eu sentia... E te feito perder tanto tempo... — Quanto mais Nicole lamentava, mais sua voz ficava embargada.
— Shhh — Hugo pressionou o dedo indicador contra seus lábios e enxugou com o polegar uma lágrima que escorria por seu rosto. — É Natal agora. Não importa quanto tempo perdemos, se nunca falamos sobre isso antes... O que passou, passou. Tudo que nos importa é o agora.
E assim foi. Não era a preocupação deles quanto tempo ficaram afastados... As discussões que tiveram... As indiretas durante meses a fio... Um tentando dizer ao outro o que sentia de verdade...
Nicole mantinha os olhos semi-abertos, não queria estragar a magia daquele beijo, pelo qual esperou por tanto tempo. Hugo era doce, não a forçando em nada que não estivesse pronta para fazer. Nenhum dos dois tinha pressa. Agora, o maior dos problemas tinha se resolvido. Os dois sabiam que se amavam. Nada poderia interferir em seu relacionamento. Afinal, acabaram vencendo seu pior inimigo: a incerteza.
Hugo e Nicole separaram-se por um momento, os dois avaliando a expressão um do outro.
— Ah quase me esqueci disto — ele tirou do bolso da jaqueta uma pequena caixinha. — Não é nada de mais, é só uma lembrancinha. — Disse, estendendo a caixinha vermelha para ela.
Nic pegou a caixinha minúscula em suas mãos e desembrulhou o pequeno objeto que havia dentro da caixa: Um pequeno medalhão de corrente prateada, e dentro, uma foto dos dois juntos sorrindo logo que saíam do Três Vassouras, ambos com bigode de cerveja amantegada, Hugo passando o braço pelos ombros de Nicole. Ela lembrava perfeitamente deste dia. A última viagem dos dois para Hogsmeade. Do outro lado do medalhão, havia um pequeno H gravado.
— Gostou?
Sem palavras. Seu único sinal de expressão era o sorriso abobado de namorada que não sabe (tem) o que dar em troca de um presente tão maravilhoso. Seus olhos brilhavam de encanto. Hugo acertara na lembrancinha. Ela o abraçou novamente.
— Vou encarar como um sim. — Ele retribuiu o abraço e dessa vez a ergueu um pouco acima no chão. Não era uma tarefa ao todo pesada, pois Nicole não tinha pais donos de doceria como a antiga namorada de Hugo. Suas costas não estalaram quando os dois rodopiaram e ele tornou a colocá-la no chão. — Feliz Natal, querida.
— Acho que tenho como me redimir por não ter nenhum presente aqui comigo. — Nicole ficou na ponta dos pés e beijaram-se novamente, os lábios moldando-se perfeitamente um no outro. — Feliz Natal, querido.
Parecemos um casal de velhos chamando um ao outro de querido e querida, pensaram os dois. Mas isso não apagaria o forte e incandescente espírito de Natal que ambos conquistaram juntos.

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