11.1.12

Fic

A INVESTIGADORA DA NOITE
(Athena Bastos)

Era o primeiro Natal que Sarah passava sem os pais. As velas acesas eram incapazes de iluminar seu rosto, tão sombrio nos últimos meses. Tudo naquela cena fazia-a recordar-se da mãe: o cheiro do peru, as frutas escolhidas cuidadosamente, a decoração preparada com alegria... Não era a boa intenção da tia que a faria esquecer-se da fatídica noite. As imagens ainda passavam por sua cabeça como um filme rodando, sem expectativas de término. Eram as mesmas vozes, as mesmas falas, as mesmas perguntas.
O assassinato do banqueiro Harrison havia acontecido há pouco menos de dois dias e todos os policiais já se encontravam cansados e aborrecidos com o rumo do caso. Nada além de suspeitas e muita pressão dos chamados “homens grandes”.
A mãe, Eleonora, esperava pelo marido, apreensiva. Havia pressentido algo ruim e ansiava a chegada dele. Onde ele estaria? Será que recebera notícias do caso? Eles eram amigos, mas Roberto não deveria se envolver tanto! Poderia ser perigoso!
De repente, Eleonora sentiu algo atrás dela; pensou ser o marido. Alguns segundos depois, ela arrepiou-se ao perceber que uma faca estava em seu pescoço. E as crianças? Não teve sequer um minuto para ver seus filhos; caiu sangrando.
Sarah, a mais velha, viu tudo acontecer, todavia calou-se. Não podia demonstrar que estava ali. Era afilhada de Harrison e, como ele, poderia morrer!
Ela saiu de seu esconderijo e viu o vulto do homem desaparecer como se fosse pó. Sarah olhou curiosa. Sorriu num misto de nojo e desespero. Era ele, magro e com seus cabelos negros desgrenhados. Era ele!
Uma folha caiu aos pés dela. Um único aviso escrito: “Ninguém pode prender uma pessoa como eu!” Porém, ela sabia que não era verdade. Ela mesma conseguiria! Ela tinha um futuro brilhante pela frente; continuaria nas investigações sobre o assassino da noite. Seu pai não queria o caso, mas Sarah ambicionava essa conquista.
Estava enjoada. Não conseguia ficar naquele ambiente de pretensa alegria, sem ter vontade de gritar. Aquela felicidade não era sua! Todas as mortes tinham uma única ligação: ela! Eram eles que deveriam estar naquela sala de jantar, bebendo e comendo, servindo-se de um banquete.
“Papai Noel lhe trouxe um presente” ela pensou ouvir assim que se levantou da cadeira. Subiu as escadas, dominada pelo medo do que viria em seguida. De início não quis acender a luz, esperando não encontrar seu grande temor. Porém, isso era inevitável. Sentiu as sombras percorrerem seu quarto e correu em busca do interruptor. Assim que o cômodo se iluminou, ela pôde ver as mensagens deixadas pelo indigno visitante: “Você não se esqueceu de mim. Eu também não me esqueci de você! Lembre-se de que temos um pacto!”.
Mesmo contra toda a sua vontade de deixar o que restava de sua família de fora da situação, ela não resistiu ao impulso de gritar. Por sorte – ou azar – sua boca foi tapada pelas mãos vermelhas de um assassino.
- Infelizmente você tem algo que me pertence. E como eu fui um bom menino durante o ano todo, acredito que eu mereça isso. Você, pelo contrário, andou cometendo algumas travessuras, não? Papai Noel não gosta de crianças que brincam com o perigo.
Ela chorou. O jogo havia começado há muito tempo e ela sabia que não terminaria naquela noite. Ainda haveria muito mais tortura pela qual passar. Era o seu castigo e não sua dádiva. Ela soube disso no momento em que pôs os olhos no presente de seu padrinho, um ano atrás. Ele lhe dera, de Natal, a peça mais importante para os planos do assassino da noite e, juntamente ao objeto, sua grande missão. Sarah errou ao pensar que poderia vencer esse desafio.
- Sarah, Sarah. Tudo poderia ser tão fácil, não é mesmo? Por que você tem que complicar as coisas? Mas, no fundo, eu gosto do seu joguinho de gato e rato. Só estou ficando um pouco cansado. Por hoje, eu deixo que continue, mas não sei até quando. Agora vá. O jogo começou! É melhor correr e tentar salvar a sua família.
Ela olhou para ele espantada, com o rosto inchado de tantas lágrimas, já se afastando, dando longos passos para trás. Ele só queria assustá-la com tudo aquilo.
- Elliot... Eu cumpro com a minha parte do pacto! Eu entrego o cetro de vidro.
Com uma velocidade sobre-humana, ele chegou ao seu lado em um segundo, sussurrando em seu ouvido.
- Se há uma coisa que eu odeio mais do que derrotas, é desistências. Fiquei comovido com a sua covardia... Vou deixar que você aproveite o que ainda resta da sua festinha de Natal. Mas não se esqueça de mim...
“Porque eu não me esquecerei de você” ela completou mentalmente, enquanto ele desaparecia como pó, novamente, deixando em seu lugar um rastro de fumaça e vertigem.

3 comentários:

  1. OMG! PLEASE SANT DON'T KILL ME!LOL

    dorei! Bem aterrorizante, me prendeu totalmente! Adorei!!!

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  2. Huhuahsuahsuhas ótimo bjs <3

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  3. Parabéns!! é bem forte néh
    e intrigante

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